Jubileu 2025: O Diálogo como Instrumento

Jubileu 2025: O Diálogo como Instrumento

Durante os dias em que escrevia o presente texto e refletíamos sobre o jubileu, recebemos a triste notícia da morte do Papa Francisco, o qual foi e sempre será um verdadeiro instrumento de Deus para a promoção da paz e do diálogo. Antes mesmo deste acontecimento, o caderno escolhido para ser estudado, a fim de trazer a presente reflexão para toda a comunidade educativa, assim como traz o título, fora o Caderno 33, “O Diálogo como Instrumento”, temática tão cara para Francisco. Como os desígnios de Deus são perfeitos, o trono de Pedro foi ocupado pelo Papa Leão XIV, que veio contribuir para a reflexão deste mês, tendo a difícil missão de liderar a Igreja em busca do diálogo, da paz e da salvação.

À luz do Jubileu 2025, o Caderno 33 nos convida a redescobrir o valor do diálogo como ferramenta indispensável na missão da Igreja. O diálogo não é mera estratégia humana, mas expressão concreta da caridade cristã. Ele nasce da escuta verdadeira, do reconhecimento do outro como imagem de Deus e da humildade de quem busca juntar-se à verdade. O Papa Leão XIV, em sua primeira audiência pública, enfatizou a importância da paz, destacando que ela é um dom divino e um compromisso humano. Ele afirmou que a paz verdadeira é “desarmada e desarmante”, caracterizada por humildade e perseverança, e que deve ser buscada por todos os povos.

Em tempos marcados pela polarização e pelo individualismo, a Igreja é chamada a ser um espaço de escuta, reconciliação e construção de pontes. O diálogo é instrumento de paz, um caminho para curar feridas, desfazer preconceitos e reabrir caminhos de comunhão. Mais do que nunca, os tempos atuais exigem uma sobriedade ímpar na forma como vivemos, precisando levar as virtudes do evangelho à nossa frente, para que Cristo seja reconhecido não apenas em palavras, mas na forma concreta comque acolhemos, perdoamos e servimos, tornando-nos verdadeiras testemunhas do Reino de Deus no mundo.

A mudança de época, mais do que nos sufocar em um pessimismo paralisante, nos oferece uma nova visão de esperança. Torna-se necessário, enquanto educadores e estudantes, principalmente no chão da escola, nos perguntarmos: qual é o mundo melhor que queremos?O que torna o mundo bom? Pensar e encontrar meios de mudar a realidade, de combater as injustiças, nos enche de esperança, porém só isso não basta. Uma esperança fundada no acontecimento da Ressurreição de Cristo nos confere sentido e razão. “Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade, dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que, por sua vez, é imperfeito.” (Spe Salvi nº 30-31).

Enquanto carece diálogo, a cada dia surgem novos conflitos no mundo. Em dados oficiais mais atuais, um estudo realizado pelo respeitado Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) mostra que houve um grande aumento no sofrimento humano e na intensidade das guerras e conflitos globais em 2024. A pesquisa revelou que mais de 200 mil pessoas foram mortas em nada menos do que 134 guerras e outros conflitos armados entre 1º de julho de 2023 e 30 de junho de 2024.

Diante da dramática realidade, em que parece que as próprias comunidades internacionais são estéreis, não podemos perder a esperança e, de acordo com nossas possibilidades, todos nós, cristãos, devemos ser agentes de mudança local, sendo sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13). Este já é um apelo da Gaudium et Spes em seu número 92, em que afirma: “Em virtude de sua missão de iluminar o mundo inteiro com a mensagem evangélica e de reunir num só Espírito todos os homens de qualquer nação, raça ou cultura, a Igreja torna-se sinal da fraternidade que possibilita e fortalece um diálogo sincero.”

Papa Francisco, em sua Encíclica Fratelli Tutti, sobre a fraternidade universal, de 2020, transmitia esta mesma urgência em nos tornarmos construtores de pontes e promotores de paz. Ele recordava que “aproximar-se, expressar-se, escutar-se, olhar-se, conhecer-se, procurar pontos de contato, tudo isso se resume no verbo ‘dialogar’” (Fratelli Tutti, 198). É pelo diálogo sincero e constante que se edificam comunidades humanas mais justas e solidárias, capazes de superar divisões e gerar uma cultura do encontro.

Nesse espírito, o convite jubilar é para que, em nossas escolas e comunidades, sejamos tecelões de fraternidade, cultivando relações que brotam da escuta atenta e da disposição para caminhar juntos, sobretudo quando impera tanta indiferença e individualismo. Que não fiquemos indiferentes a esta realidade, mas nos coloquemos em ação e oração, enquanto peregrinos da esperança, na busca de um mundo em que impere o chamado de Cristo à paz!

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